A presidente da Associação dos Magistrados de Rondônia (Ameron), Euma Mendonça Tourinho, encontrou-se com duas magistradas afegãs, durante sua passagem por Brasília para cumprir agenda. As juízas muçulmanas conseguiram chegar ao Brasil após a campanha “Nós por Elas”, da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). São exemplos de mulheres que foram despostas de seus cargos e sofreram risco de morte após a tomada do Afeganistão pelo Talibã.
A campanha da AMB iniciou logo após a invasão do grupo fundamentalista a Kabul, capital afegã. Na ocasião, haviam 270 juízas em atuação no país que se tornaram ameaçadas, visto que o Talibã não permite às mulheres o estudo, ocupação de cargos públicos ou o direito de ir e vir sem a escolta de um homem da família.
Para trazer as juízas ao Brasil, a AMB recorreu ao governo federal e Congresso Nacional para que ambas as instituições regulamentassem o acolhimento dessas magistradas na condição de refúgio humanitário. Em setembro do ano passado, uma portaria interministerial disciplinou os procedimentos e possibilitou o resgate.
“Me sinto honrada em conhecer essas mulheres sobreviventes, que passaram por situações cruéis e desumanas. Como juíza e mulher, eu compreendo que nossa luta vai além do trabalho, porque exige uma constante construção de que assegure direitos iguais a homens e mulheres, em qualquer lugar do mundo”, disse a juíza Euma Tourinho.
As magistradas afegãs não podem ser identificadas por questões de segurança. Em reportagem ao Fantástico (clique aqui), elas relataram que tiveram que se esconder, até o resgate. Isso porque, na tomada de Kabul, os talibãs abriram as prisões e liberaram integrantes do grupo que foram condenados por juízas afegãs.
“Quando eles tomaram Cabul, começamos a nos esconder. Especialmente quando eles invadiram a Suprema Corte, porque as nossas fotos e endereços estão registrados lá”, contou uma das entrevistadas.
Nós por Elas
Essa ação de resgate integra a campanha “Nós por Elas”, criada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) para recolher fundos para a manutenção das juízas afegãs e de seus familiares. Em dezembro do ano passado, desembarcaram no país 26 pessoas no total, entre adultos e crianças. É provável que mais refugiados obtenham o visto nos próximos meses. As missões de resgate ocorrem em sigilo, por questões de segurança.
No Brasil, todos já assistem a aulas de português, ministradas por professores da Universidade de Brasília, e desfrutam de atendimento psicológico e de assistência social.
Ascom/ Ameron