Nesta segunda-feira (31), durante o Jornal de Rondônia 1° Edição, transmitido pela Rede Amazônica, a presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia (Ameron), juíza Euma Tourinho, abordou um tema de grande preocupação: a gravidez na adolescência e seus impactos na região.
Os dados levantados sobre Rondônia apresentam números alarmantes, indicando que a gravidez precoce continua sendo um desafio para o estado. A juíza ressaltou que a falta de orientação e planejamento familiar, educacional e social são os principais fatores que contribuem para esse cenário.
“Levamos 20 anos para reduzir em 50% a taxa de natalidade em mães precoces”, enfatizou a juíza Tourinho, demonstrando a complexidade do problema e a necessidade de um trabalho contínuo e eficiente para enfrentá-lo, envolvendo os Poderes , empresas, sociedade civil e famílias.
Um dado particularmente preocupante é a variação nos números de partos a cada 1.000 adolescentes em diferentes regiões do estado. Esses números variam de 87,5% a 14,7%, levantando questionamentos sobre as razões para essa diferença tão significativa. A presidente da Ameron enfatizou que mesmo a menor taxa é inaceitável, exigindo esforços concentrados para reverter essa realidade.
Outro ponto abordado na pesquisa é a relação entre a gravidez na adolescência e a evasão escolar. Dados mostram que 8 em cada 10 adolescentes que engravidaram não frequentavam a escola. Em 62% desses casos, a gravidez foi apontada como o principal motivo para abandonar os estudos. Isso reforça a importância de promover uma educação abrangente e esclarecedora sobre saúde sexual e reprodutiva nas escolas, além do planejamento familiar.
A juíza Tourinho também apresentou dados relacionados a investimentos. Segundo a pesquisa, a cada US$ 1 dólar investido nessa área, são poupados 1,47 dólar em assistência médica. Quando esse mesmo dólar é investido especificamente nas adolescentes, o valor poupado sobe para 98,2 dólares até o fim da vida reprodutiva. Esses números demonstram a eficácia e a importância do investimento em políticas de prevenção e planejamento.
Além disso, a presidente da Ameron destacou informações relevantes sobre a questão social envolvendo crianças e adolescentes. Ela enfatizou que o Brasil poderia produzir cerca de R$ 3,5 bilhões de dólares se as gravidezes ocorressem a partir dos 20 anos, demonstrando como a prevenção da gravidez na adolescência também tem impactos econômicos significativos para o país.
Para enfrentar esse desafio, a juíza ressaltou a necessidade de planejamento, programação, investimento e competência. Ações integradas envolvendo governo, instituições e sociedade civil são cruciais para garantir um futuro melhor para as adolescentes do estado de Rondônia.
Durante a entrevista, a juíza Euma Tourinho também fez questão de mencionar a Coleção Aldeia, um conjunto de cinco cartilhas e um folder idealizado para fortalecer a relação institucional do judiciário rondoniense com a sociedade e fornecer informações importantes para a proteção de crianças e adolescentes. Os títulos abordam temas relevantes, como adoção, orientação para pais e guardiões, convivência familiar e comunitária, prevenção de violências contra crianças e adolescentes e psicoterapia. Essas cartilhas têm como objetivo ampliar o conhecimento e a prática do cuidado consciente, afetuoso e protetivo. A coleção pode ser acessada no site do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO), contribuindo para a construção de uma sociedade mais informada e atuante na proteção dos direitos da infância e da adolescência. O material foi criado pelo NUPS, setor formado por psicólogas e assistentes sociais da Vara de Proteção a infância e juventude da Comarca de Porto Velho.
Confira na íntegra: www.globoplay.globo.com
