Juízes brasileiros têm enfrentado problemas de saúde mental relacionados à sua atividade jurisdicional, de acordo com um estudo inédito intitulado “Perfil da Magistratura Latinoamericana”. A pesquisa, realizada em parceria pelo Centro de Pesquisas Judiciais (CPJ) da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Federação Latinoamericana de Magistrados (FLAM) e o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), mostra que um em cada três juízes no Brasil toma medicamentos regularmente para controlar o estresse, a ansiedade ou outras condições relacionadas à sua profissão.
O levantamento também revelou que a maioria dos juízes brasileiros (51%) teve que receber tratamento médico, psicológico ou psicanalítico para problemas emocionais ou psíquicos desde que ingressaram na magistratura. Os números também mostram que 77% dos juízes brasileiros acreditam que o nível de estresse entre os magistrados é maior atualmente do que no passado. Além disso, 62% dos magistrados brasileiros afirmaram que episódios de depressão, síndrome do pânico, crises de ansiedade e suicídio têm se tornado mais frequentes na categoria profissional nos últimos dez anos.
A presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia (Ameron), juíza Euma Tourinho, demonstra preocupação com os dados anunciados. “A pesquisa que revela o adoecimento dos magistrados é um alerta para todos nós, membros do Poder Judiciário. É preocupante constatar que muitos de nossos colegas sofrem com o estresse, a ansiedade e outras condições relacionadas à atividade jurisdicional. Precisamos sempre reforçar a importância de cuidarmos da saúde mental dos juízes e a associação se coloca à disposição para apoiar medidas que contribuam para a qualidade profissional e pessoal dos magistrados. Precisamos agir para garantir um ambiente de trabalho saudável e respeitoso, que valorize a carreira da magistratura e assegure o bem-estar de todos os profissionais que atuam em prol da justiça no Brasil”, disse a presidente.
O estudo também mostra que o Uruguai é o país com a mesma média de juízes que tomam medicamentos regularmente, seguido pelo Brasil. O Equador tem o resultado menos ruim, com apenas 9% dos juízes fazendo uso de remédios. O Chile ocupa o terceiro lugar, com 50% dos juízes necessitando de tratamento médico, psicológico ou psicanalítico.