No Jornal de Rondônia 1ª Edição, da Rede Amazônica (Globo), a juíza Euma Tourinho, presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia (Ameron), abordou recentemente uma situação que viralizou nas redes sociais. O desembargador Georgenor de Sousa Franco Filho, à frente da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, falou que “a gravidez não é doença”, quando a advogada Suzane Teixeira pediu o adiamento de uma audiência para dar à luz. A declaração do desembargador, que foi registrada em vídeo, desencadeou uma discussão mais ampla na sessão e ele interrompeu várias vezes a fala da colega Relatora, inserindo-se no contexto das interrupções frequentes conhecidas como “manterrupting”.
A classificação de interrupções desse tipo foi desenvolvida com base no artigo. “Speaking while Female, and at a Disadvantage” (Falando enquanto Mulher, e em Desvantagem) de Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, e Adam Grant, professor da escola de negócios da Universidade da Pensilvânia, publicado no “The New York Times”. Nesse artigo, é feita referência a um estudo realizado por psicólogos da Universidade de Yale, que demonstra que, mesmo ocupando posições superiores aos homens, as senadoras americanas se pronunciavam menos que colegas de posições inferiores.
De acordo com a juíza, em 2014, um estudo conduzido por Adrienne B. Hancock na Universidade de George Washington indicou que, em conversas neutras, as mulheres enfrentaram uma taxa de interrupção duas vezes maior em comparação com os homens. O estudo envolveu 40 voluntários, igualmente divididos entre os sexos, que participaram de conversas informais entre si.
Um estudo conduzido por Christopher Karpowitz, um acadêmico no campo da ciência política da Universidade Brigham Young, demonstrou que as mulheres alem de serem mais interrompidas , ainda falavam menos no mundo corporativo. No debate presidencial de 2016 entre Hillary Clinton e Donald Trump, houve uma ampla discussão nas redes sociais sobre as interrupções, com uma análise das ocasiões em que cada um interveio no discurso do outro. Trump realizou 51 interrupções em Clinton, enquanto ela, por sua vez, interrompeu o adversário em apenas 17 ocasiões.
A declaração do desembargador Franco Filho em Belém se enquadra nesse contexto mais amplo de debate sobre as frequentes interrupções nas falas de mulheres e, como resultado, deu origem a um processo no Conselho Nacional de Justiça.
“A discussão atual aponta para a necessidade de conscientização e mudança cultural, promovendo o respeito e a igualdade no espaço público, especialmente em ambientes profissionais e judiciais. Não se trata de uma guerra dos sexos, mas de se conscientizar que homens e mulheres têm direitos iguais, dentre eles serem respeitados em seu ambiente de trabalho”, destacou a presidente da Ameron, Euma Tourinho.
Confira na íntegra: https://globoplay.globo.com/v/12033436/