
Tribunal Pleno aprova aposentadoria do desembargador Valter de Oliveira
O ano de 2021 tem sido marcado por despedidas no Poder Judiciário de Rondônia, pois, na manhã da última segunda-feira (26), durante sessão do Tribunal Pleno, o desembargador Valter de Oliveira se somou aos mais outros três desembargadores que obtiveram a aposentação após quase 40 anos de dedicação à magistratura. A sessão solene contou com a participação da presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia (Ameron), juíza Euma Tourinho. Os efeitos da aposentação começaram a vigorar a partir da sexta-feira (30) com a publicação no Diário Oficial da Justiça. Aprovado no primeiro concurso para o ingresso na carreira da magistratura do Poder Judiciário do Estado de Rondônia, o desembargador Valter de Oliveira deixou o Estado do Paraná para colaborar com a instalação do sistema de Justiça na Amazônia, sobretudo, no recém-instalado Estado de Rondônia. Assim que empossado, foi nomeado para a então distante comarca de Vilhena (700 km da capital) em uma época em que as condições rodoviárias eram extremamente precárias dificultando ainda mais o acesso aos municípios do interior rondoniense. A trajetória do desembargador Valter de Oliveira no Poder Judiciário de Rondônia foi lembrada pela presidente da Ameron, juíza Euma Tourinho. A magistrada, inclusive, destacou os esforços empreendidos pelo então estudante de Direito até galgar na carreira da magistratura. “Embora reservado, o senhor sempre demonstrou empatia uma vez que em demasiadas ocasiões buscou se colocar no lugar do outro antes de tomar importantes decisões que afetassem a vida daqueles que estão ao seu redor e isso demonstra a preocupação com o próximo. Veio de uma família humilde e carregada de valores exemplares que certamente são compartilhados hoje no seu lar. Essa, senhores, é um pouco da história do menino que pegava ônibus e viajava diariamente entre Apucarana e Londrina, no interior do Paraná, para estudar Direito e ao mesmo tempo precisava trabalhar para prover o seu sustento, restando apenas as noites mal dormidas, mas muito bem acompanhadas pelos livros que o levaram a ser aprovado no concurso mais difícil de todos”, discursou a magistrada que o classificou como um magistrado de personalidade conciliatória, acolhedora, virtuosa e generosa. Essas qualidades também foram reforçadas pelo desembargador Daniel Ribeiro Lagos. “Estou na instituição há 34 anos e o meu primeiro contato com o desembargador Valter de Oliveira foi quando se tornou juiz auxiliar da presidência. E durante quase 40 anos de atividades, ele sempre se colocou como ponte no sentido de diminuir conflitos, ligando as discussões institucionais. Ele é parte do Judiciário e é difícil dissociar a figura do desembargador Valter do Tribunal. É uma referência para a magistratura de Rondônia”, comentou. Enquanto exerceu a judicatura, o juiz Valter de Oliveira atuou nas áreas Cível, Criminal e de Família quando prestou a jurisdição na comarca da capital. Foi juiz eleitoral em Vilhena e Porto Velho. Antes de ser promovido ao segundo grau de jurisdição, foi Presidente da Comissão de Adoção Internacional. Igualmente, foi juiz auxiliar da Corregedoria do TJRO e juiz auxiliar da Presidência do TJRO, na primeira metade dos anos 90. Já no cargo de desembargador, foi vice-presidente do TJRO entre 1997 e 1998, presidiu a instituição no biênio 2004/2005 e foi diretor da Escola da Magistratura (Emeron) entre 2010 e 2011. O desembargador Valter de Oliveira prestou relevantes serviços à Justiça Eleitoral, chegando até mesmo a presidir o Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia no biênio 2002/2003, época em que foi implementado o Programa Eleitor do Futuro, homenageados os primeiros escrivães e mesários do Estado, criada a Escola Judicial Eleitoral e inaugurado o Fórum Eleitoral Lourival Mendes de Souza. Para coroar o biênio tornou-se Presidente do Colégio de Presidentes dos Tribunais Eleitorais do Brasil. Um vídeo institucional em homenagem ao desembargador Valter de Oliveira trazendo depoimentos da esposa Genilde, do genro Renato, dos filhos Tiago e Bianca, e ainda, dos irmãos Wilson e Vagner emocionou o magistrado. “No exercício da judicatura creio que fiz tudo para observar os ditames da Constituição Federal e das leis do País, procurando sempre distribuir a prestação jurisdicional que atendesse aos anseios da sociedade e aplicasse, ao vencido, a justa pena”, avaliou o agora desembargador aposentado, Valter de Oliveira. Galgando carreira na magistratura Nascido na pacata cidade de Borrazópolis, na região norte do Paraná, o então o estudante Valter de Oliveira mergulhou nos estudos jurídicos, deixando de lado a pretensão de se tornar médico, após ser convencido pelo pai a trilhar na carreira do direito – caminho escolhido também pelo irmão mais velho. Ao formar-se em 1981. Atuou como advogado por cerca de um anonas áreas cível, criminal e trabalhista na cidade de Apucarana, no interior do Paraná. “Vim a Rondônia atendendo o convite do amigo Celso Lachi para conhecer as oportunidades de trabalho no recém-criado Estado. Em Porto Velho constatamos que as inscrições para o Concurso no cargo de Juiz de Direito estavam abertas e sem exigência de tempo para o exercício da advocacia”, lembra o magistrado que foi aprovado, aos 25 anos de idade, no primeiro concurso para o ingresso na carreira da magistratura do Poder Judiciário de Rondônia com mais outros vinte e quatro colegas, sendo designado para a então distante Comarca de Vilhena à 700 km da capital, no Cone Sul do Estado. A vinda para o novo Eldorado oportunizou ao magistrado a participar da recepção do Presidente da República, João Baptista de Oliveira Figueiredo, que visitou a Amazônia em julho de 1982, dias após a posse, com o objetivo de inaugurar o asfalto da BR-364 no Estado de Rondônia. “Pude constatar no dia a dia que a estrutura básica da cidade estava sendo edificada, apesar do pouco asfalto. Só existia um posto telefônico e lembro-me dos programas televisivos transmitidos com uma semana de atraso. Recordo também de a energia ser desligada sempre às 18 horas, da água encanada escassa e dos recursos de saúde serem limitados. Mesmo assim, no povo pioneiro de Vilhena só havia alegria, satisfação, ânimo e vontade de trabalhar, produzir e prosperar. Assim foi com Vilhena, hoje uma próspera cidade do sul rondoniense, portal de